Foi em uma segunda-feira de verão, no bloco 4K. Chovia. Lembro de subir as escadas como se fosse ontem, mas era dezembro de 2012 ou janeiro de 2013. Minhas aulas tinham começado em novembro, dia 26, se não me engano. Quando cheguei no segundo piso, entrei na sala e lá fiquei sozinho até começar minha aula de química. Meu ônibus chegava bem cedo na escola — uma hora, aproximadamente, antes do início das aulas de cada dia. Exceto nas sextas-feiras; neste dia as aulas começavam às 07h10min. Eu gostava muitos das sextas, talvez porque a espera era mais curta. Mas naquela segunda, enquanto esperava, não sei se causado pelo sono ou pela chuva, divaguei bastante. Eu tinha 18 anos e cinco anos de um curso de graduação para completar. Há um ano antes deste, concluí o ensino médio e não tinha nenhuma perspectiva para o futuro. Tudo parecia impossível. Não parecia que o mesmo Matheus de 17 anos era o mesmo daquele dia. Um ano e tanta coisas aconteceram, boas, ruins, independentemente, que me ajudaram muito a ser quem eu sou hoje, quase seis anos depois. As carteiras azuis daquela sala, na qual aconteciam quase todas as minhas aulas no campus Umuarama, eram extremamente desconfortáveis. Com muito esforço, com baixa frequência, conseguia cochilar enquanto esperava. Exceto naquele dia. Àquele dia, talvez pela chuva, pensei na vida. Cinco anos parecia uma eternidade. E depois? O que eu faria? Eu tinha que aproveitar este tempo para entender o que fazer da vida e esta eternidade não parecia ser tempo suficiente para aprender… E não foi. Quase seis depois, estou eu de volta ao bloco 4K, cursando um grau acima, porém, ainda sem saber o que esperar do futuro.